A Educação do Terapeuta Floral e o Cura-te a ti mesmo

Há alguns meses, recebi a incumbência de intermediar uma circunstância envolvendo uma uma terapeuta Floral e sua associação de classe, que levou-me a refletir bastante sobre este assunto.

O que é ser um Terapeuta Floral? Será que o fato de termos feito alguns cursos, ou mesmo, um curso de formação ou especialização em Terapia Floral, qualifica-nos, realmente, para o exercício desta profissão?

Os cursos, como em todas áreas, surgiram com a necessidade de capacitar pessoas para o exercício da profissão, com vistas a um reconhecimento maior, tanto do terapeuta como da própria Terapia floral. Assim, desde o início da década de noventa, acompanhamos as diversas tendências da área; os cursos livres, as formações internacionais, os treinamentos profissionais, os cursos de especialização, e, mais recentemente, os cursos à distância.

Desde a época da Abreflor ( Associação Brasileira de Essências Florais ), a primeira associação de florais que tivemos aqui no Brasil, fundada em 1991, discutia-se um currículo mínimo para o terapeuta floral. O difícil, sempre, foi chegar a um consenso. O que é mais importante nesta formação?

Isto por que, o princípio da terapia floral é o Cura-te a ti mesmo. Nenhum curso irá substituir esta capacitação interna obtida pelo uso contínuo das essências florais, do reconhecimento sincero de nossas faltas e a determinação para harmonizá-las. No entanto, como inserir isto num curso de formação? No Chile, por ocasião dos estudos para a regulamentação da profissão, chegaram a atribuir um carga horária de mil horas para o trabalho sobre si mesmo. Entretanto, somos todos aprendizes na arte de Ser…

A carta de intenções redigida após o I Fórum Nacional de Essências Florais, realizado em dezembro de 1998, pela antiga Abreflor, destacava a  real necessidade de que o Terapeuta Floral “ se trabalhe” e “seja trabalhado” com o uso das Essências Florais, para melhor compreensão da dimensão do processo de cura e também a necessidade de manter-se fiel aos princípios oferecidos pelo Dr. Edward Bach, dentre os outros aspectos igualmente relevantes.

No entanto, o que vemos hoje em dia, é o interesse em adquirir um conhecimento “externo”, seja ele por qualquer vertente disponível no mercado, que possibilite a prescrição de florais, para terceiros, rapidamente. É comum, recebermos e-mails perguntando se um curso de um dia e meio capacita a pessoa para sair atendendo. E isto é uma saia justa dentro do princípio fundamental do Dr Bach, o Cura-te a ti mesmo.

A carga horária necessária para o terapeuta floral filiar-se a uma associação de florais ou ao CONAFLOR ( Conselho Nacional de Autorregulamentação da Terapia Floral ) é um mínimo exigido numa tentativa de nivelamento do conhecimento básico de Terapia floral, para aqueles que visam trabalhar profissionalmente com esta modalidade terapêutica. No entanto, como impedir que pessoas autodidatas, ou aquelas que tem apenas um curso de final de semana, saiam atendendo?

Temos visto de tudo, nesta nossa área. Pessoas que fazem um trabalho fantástico com apenas um curso rápido e outras que tem formação longa e diferenciada, mas que não conseguem ver além de seus próprios limites.

Além de aprendermos como utilizar as essências dos sistemas que escolhemos trabalhar é necessário que nos esforcemos para colocar a filosofia do Dr Bach em prática, em nossas vidas e no trabalho que realizamos com as essências florais. Isto só será alcançado com o uso contínuo das essências num trabalho de desenvolvimento pessoal.

Na filosofia que sustenta a terapia floral, não há espaço para a separatividade, para o orgulho, o egoísmo, a ganância e a sede de poder. Terapeutas e educadores florais são agentes para semear a união, o bem, de forma a colaborar para a elevação de consciência da humanidade. Avançaremos pouco, se colocarmos nossos próprios interesses à frente do trabalho maior e não expandirmos a nossa visão sobre a dimensão do legado de Edward Bach para a humanidade. Devemos sempre ter em mente que, acima de tudo, precisamos praticar em nós aquilo que nos propomos a fazer pelo outro, lemos ou ensinamos em nossos cursos.

Cada um de nós é um Curador, por que todos nós temos, no coração, amor por alguma coisa: pelo nosso próximo, pelos animais, pela natureza, pela beleza, de alguma forma, e cada de nós deseja proteger e ajudar a melhorar o que amamos. Cada um de nós também tem compaixão por aqueles que sofrem, isto naturalmente, porque também já sofremos em nossas vidas. Desta forma, não só podemos curar a nós mesmos, como também temos o grande privilégio de sermos capazes de ajudar os outros a se curarem também – e as únicas qualificações necessárias são amor e compaixão”.

Edward Bach, Liberte-se, 1932

P.S – Carta de intenções Fórum Nacional de TF 1998 e Carta de intenção Fórum Nacional TF 1998 verso