Bobbie (Evelyn Bach Varney) – a filha do Dr. Edward Bach
Bobbie (Evelyn Bach Varney) – a filha do Dr. Edward Bach
- julho 17, 2020
- Posted by: Rosana Souto
- Categoria: Florais de Bach Sobre Edward Bach

No final de junho, recebi um presente daqueles inesquecíveis: o livro de memórias da filha do Dr. Edward Bach, com comentários dos pesquisadores Eduardo Grecco e Amparo Treig ( Ediciones Continente, Buenos Aires, 2019) .
Minha maior surpresa foi a rapidez do correio da Suiça para o Brasil, já que sabia que o presente havia sido enviado pela querida amiga Ana Cristina Zeidan, há poucos dias. Cris esteve no lançamento do livro, num congresso, em Barcelona, no final de fevereiro. Como iríamos nos encontrar logo após, tanto na Inglaterra como na Suiça, ela resolveu comprar um exemplar para mim também.

No entanto, diante de toda reviravolta que vivenciamos em função da pandemia do COVID-19 e o meu retorno súbito para o Brasil, a alternativa para que o livro chegasse as minhas mãos foi o tradicional correio – depois que os aeroportos da Europa reabriram!!
Foi uma grande alegria recebê-lo! Eu estava ávida para ler as memórias de Bobbie. Desde o início de minha jornada com as essências florais, sabia que o Dr. Bach havia tido uma filha. O livro de Gregory Vlamis, Rescue – Florais de Bach para alívio imediato, lançado pela editora Roca, em 1992, trazia já algumas fotos inéditas dele com ela, do acervo pessoal de Evelyn. Só não sabia que ela tinha escrito suas memórias sobre este pai também.
Ao longo de todos este anos, sempre me perguntei como seria a visão desta filha sobre seu pai, que a deixou para dedicar-se as suas pesquisas médicas, e, do mesmo modo, como teriam sido os bastidores emocionais deste homem, em função desta escolha, para que pudesse atender a um chamado maior.
Por este motivo, chorei muito ao ler as memórias de Bobbie. Sua visão deste pai não é muito diferente daquela de outros filhos de personalidades famosas: cientistas, estadistas, escritores, ativistas, dentre outros – os “pais” e as “mães” do mundo, que se dedicam ou que dedicaram de corpo e alma a um propósito maior, muitas vezes negligenciando sua própria família. Enquanto o mundo louva estes pais, na maioria das vezes, seus filhos lidam com os sentimentos de abandono, rejeição, mágoa, carência, decepção, dentre outros….Tudo que não esteja de acordo com o Plano Divino traçado para estes seres. Com Bobbie não foi diferente…
Suas memórias são entremeadas por comentários de Eduardo Grecco e Amparo Treig que empreenderam uma pesquisa documental minuciosa para contextualizar e esclarecer algumas passagens relatadas por ela. Uma vez que, praticamente, só conviveu com seu pai quando muito pequena, alguns trechos geram dúvidas. Por este motivo, o trabalho de Amparo e Eduardo é/foi fundamental.
No entanto, este livro só foi possível, devido as buscas empreendidas por Gregory Vlamis, no final da década de 1970, para localizar a família remanescente do Dr. Bach, especialmente, sua filha ( BARNARD, Julian – After Bach, FRP, 2017 ). Só agora, a neta de Bobbie e bisneta de Edward Bach, Caroline Varney-Bowers, decidiu liberar as memórias de sua avó ao público maior, via Eduardo e Amparo.

Gregory Vlamis é um norte-americano de origem grega. Foi por meio de um telefonema dele ( Vc é a filha do Dr Edward Bach?), entre 1978-1979, que Bobbie soube que seu pai tinha ficado famoso. Ela e Gregory se corresponderam por muitos anos e trocaram muito material sobre o Dr. Bach. Foi em função do seu contato com Vlamis que Bobbie decidiu, então, escrever suas memórias. Ele a visitou várias vezes. Gregory também localizou a irmã do Dr. Bach, Mary Hayden, com quem colheu lembranças e arquivos da família de origem.
Quanto a Bobbie, ela passou dos 6 aos 17 anos em internatos, possivelmente um costume comum entre as famílias mais abastadas daquele tempo. Seus pais, não se sabe ao certo, não moraram juntos por muito tempo. Correspondia-se regularmente com eles, mas não os via – nem no Natal. Enviavam-na muitos presentes, que ela adorava. No entanto, também não passava férias com eles – sua criação foi totalmente conduzida por professores, tutores e outros.

Depois que o Dr. Bach não teve mais condições financeiras para pagar sua educação, a família de sua mãe, especialmente, sua avó, assumiu as despesas. No entanto, não deu para ela permanecer até o final da formação. Aos 17 anos precisou deixar o internato, indo morar com a mãe e avó. A última vez que Bobbie viu seu pai, ela tinha entre 13 ou 14 anos. Ele a pegou um dia, num dos internatos que frequentou, para levá-la ao zoológico. Depois, não o veria mais. Só viria a saber de sua morte, em 1936.
O relato de Bobbie é a sua versão deste pai a partir das lembranças de menina e adolescente. No entanto, sua mãe também foi ausente. Pelo que se deduz, Kitty, não era muito chegada à maternidade nem as funções de uma dona de casa da época. Enquanto Edward Bach mergulhava em sua pesquisa médica, não sabemos como Kitty vivia e suas razões para não conviver com sua filha todos estes anos. Felizmente, a acolheu depois do último internato.
Estranho é o fato de os seguidores de Edward Bach terem ocultado tanto de sua vida pessoal. Com certeza, pode ter tido o objetivo de não macular sua imagem. Até hoje, no Bach Centre, não encontramos praticamente nada sobre sua família de origem (a não ser as menções no livro de Nora Weeks), tampouco sobre seus descendentes e Mary Tabor, que fazia parte do seu time de assistentes. ( Vide: https://cosmosdrops.wordpress.com/2014/11/02/rhona-margaret-tabor-ou-simplesmente-mary-tabor-fiel-colaboradora-de-edward-bach/
Por outro lado, sabemos que Dr. Bach morreu pobre e deixou um testamento, passando para Nora Weeks, não só a responsabilidade pela manutenção de sua obra, mas também todos os direitos sobre a mesma. Nora não deixou herdeiros e, junto ao amigo Victor Bullen, lutou bastante para conseguir fazer a obra do Dr. Bach chegar até nossos dias. Não sei dizer como foram os termos passados por Nora Weeks para seus sucessores, os irmãos Nickkie Murray e John Ramsell, pai da atual curadora Judy Howard. No entanto, anos depois de sua morte, os florais de Bach terminariam virando objeto de vendas milionárias e de disputas judiciais acirradas para fazer valer a vontade do Dr Bach quanto a liberdade para a preparação dos seus famosos produtos (BARNARD, Julian – After Bach, Flower Remedy Programme, 2017). Sem dúvida, os curadores do Bach Centre tiveram e têm seus próprios motivos para não expor o fato de Edward Bach ter descendentes.

No entanto, como diz sua bisneta Caroline, “é tempo de permitir que o verdadeiro Edward Bach emerja”. Sem dúvida, o simples fato de Evelyn existir traz uma luz a mais para entendermos o homem e sua obra.
Minha grande admiração por Edward Bach sempre foi por considerá-lo um ser humano como todos nós e, portanto, imperfeito, vulnerável. Seus excessos e escolhas, suas dúvidas, suas dores físicas e emocionais fizeram parte do seu aprendizado terreno e de suas descobertas como médico, ajudando-o a desenvolver seus remédios florais e a filosofia que norteia seu trabalho. Bach foi ao mesmo tempo o doente, o curador, o homem e o sábio. Por este motivo, ele continua sendo minha inspiração.
Coincidentemente, no final da semana que o livro chegou, Eduardo Grecco iria participar de um evento on-line no Brasil (Summit Floral, organizado por Ana Maria Azevedo Santos, da Wicca Centro de Terapias). A princípio, o tema de sua palestra seria sobre a jornada de Bach, mas ele terminou nos brindando com mais informações sobre a filha do Dr. Bach e seu livro de memórias – um outro presente inesquecível.

Minha gratidão a Eduardo Grecco, Amparo Treig, a todos que puderam unir, enfim, Bobbie a seu pai, resgatando sua importância para a obra do Dr Bach, e a querida Ana Cristina Zeidan, por fazer chegar a mim suas memórias.
Bobbie morreu aos 98 anos, em 2014. Por meio deste livro, agora sabemos que o Dr. Bach tem netos e bisnetos circulando no Reino Unido: uma forma de honrar sua filha e seus descendentes.
Para aqueles que quiserem conhecer Bobbie e saber um pouco mais como foi esta iniciativa de publicar suas memórias a partir de depoimentos de Eduardo Grecco, Amparo Treig e Caroline Varney-Bowers, seguem os links de pequenos vídeos disponíveis no Youtube.
Aproveitem!!
P.S – Para aqueles interessados em adquirir o livro, seguem os contatos da Ediciones Continente:
1 comentário
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Gratidao Professora pela oportunidade de alcançarmos mais um pouco desse ser HUMANO que foi Bach. Sempre acreditei que a sua volta orbitava estórias muito profundas da familia que o gerou donos de Funilarias, se não me engano, e que ele se rebelou optando por ser médico e a que ele havia gerado. Procurei algum tempo algo que pudesse falar de sua relação com Kitty a mãe de sua filha a Bobbie. Um grande presente o que a senhora nos apresenta.