As perdas coletivas e o novo momento planetário

A perda repentina de um ente querido é um fato que marca nossas vidas para sempre. Não tem como negar. No entanto, como reagimos a este fato é o que irá ditar a nossa capacidade de tocar nossas vidas adiante, com propósito renovado, até que sejamos capazes de nos sentirmos felizes e, cada vez mais, gratos por absorver o ensinamento daquilo que passamos.

Tive a graça de contar com a presença sábia dos meus avós paternos, Vó China ( Leopoldina Augusta de Souto Lima ) e Zé Souto (Mestre José de Souto Lima ) que, ainda pequena, apresentaram-me ao plano espiritual. As provas, que nem as do Chico Xavier, eram irrefutáveis. Mamãe nunca as aceitou. No entanto, para mim, elas foram as sementes que fariam brotar a minha espiritualidade – como meu avô diria, no tempo certo.

Holly, Florais de Bach – para a dificuldade em aceitar circunstâncias e pessoas. Revolta com relação a eventos externos. Trabalha aceitação e amor incondicionais

Diferente das perdas pessoais, inerentes a todos nós, as tragédias, especialmente as de grande comoção pública, sejam por crimes hediondos ou por diferentes eventos catastróficos, atingem não só os mais próximos das vítimas como também a coletividade. São fatos que, de tão dolorosos, repercutem na vida de milhares de pessoas despertando qualidades, muitas vezes, adormecidas da natureza humana; a compaixão, a solidariedade e a união, colocando o amor em ação. Estes acontecimentos podem promover, ainda, reflexões sobre a vida e a morte levando a profundas transformações nos sistemas de crença que regem a nossa vida.

As profecias que anteviam o fim do mundo falavam e ainda falam dos desencarnes coletivos. O início deste século XXI está sendo marcado por eles, como o ataque as torres gêmeas em 2001, a primeira grande tsunami no oceano índico em 2004, a do Japão, com grande ameaça nuclear em 2012, dentre outros. No Brasil, achávamos que estávamos seguros com relação a estes eventos climáticos súbitos até que o deslizamento na região serrana do Rio de Janeiro mostrou-nos o contrário.. Também em 2012, um jovem brasileiro seguiria o modelo de tantos outros da América do Norte e instalaria o horror numa escola do Rio de Janeiro.

Agora, vivenciamos esta barbaridade no Rio Grande do Sul, resultado da ganância material e da irresponsabilidade de alguns, que colocaram em risco a vida de centenas de jovens e provocaram a morte de mais de duzentos deles. Até quando vamos precisar do sofrimento para aprender a grande lição do Amor e da Unidade entre todas as coisas?

Bleeding Heart, Florais da Califórnia – para quando a dor é tão grande que a sentimos no coração. Achamos que não conseguiremos mais viver sem o outro

O momento planetário atual demanda uma mudança profunda nos sistemas de crença que regem nossas posturas perante a vida. Não dá mais para ficar olhando só para o próprio umbigo e querer levar vantagem em tudo. Nossos atos contra a Terra e contra nossos irmãos por violência, negligência, corrupção, ganância e/ou competitividade são atentados contra nós mesmos. Até que possamos incorporar esta realidade estaremos sujeitos ao sofrimento. Será que conseguiremos nos libertar das posturas causadoras de tanta dor no mundo? Espero que sim.

Também espero, que a vida de cada um destes jovens, levados prematuramente para o plano espiritual, possa ser honrada com atitudes que beneficiem o Todo. Aos seus familiares e amigos, os meus sentimentos. Que a Luz esteja com vocês!

P.S –  Este post foi escrito em 2013 em função do incêndio da Boate Kiss que tirou a vida de centenas de jovens. Infelizmente, hoje vivemos uma outra grande tragédia humana e ambiental em nosso país, resultantes das mesmas posturas de descaso para com o próximo.

Meus sentimentos a todos diretamente atingidos pelo rompimento da barragem da empresa Vale do Rio Doce, em Brumadinho, MG! Que as essências florais possam ser instrumentos de consolo, força e renascimento.